Eis que te coloco diante de um portal — um chamado sutil que te alcança antes mesmo de perceberes. Este quadro nasce para ti como passagem: um encontro com os animais de poder que velam pelas etnias do Xingu em seus rituais, curas e travessias espirituais.
Aproxima-te. Desde cedo carrego comigo histórias desses guardiões, e agora te convido a senti-los. Nesta pintura procurei honrar a força deles, sua presença e aquilo que despertam em teu próprio corpo-espírito. Cada ser aqui guarda um símbolo que te mira de volta:
🐆 Onça-pintada (Jaguar)
Ela te oferece coragem, astúcia e o domínio das sombras. Caminha entre mundos e guarda a noite com seus mistérios. Para os povos do Xingu, é a força do guerreiro que encara seus próprios medos para renascer mais inteiro — e te chama a fazer o mesmo.
🦅 Harpia
Majestosa, a maior ave de rapina das Américas te ensina a ver longe. No invisível, simboliza visão e discernimento, abrindo teus olhos para o que vive além das aparências. Nos rituais, é mensageira dos planos — quem leva tuas preces para o alto.
🌸 Beija-flor
Pequeno no gesto, imenso na medicina. Traz leveza, cura, alegria e o sopro que renova tua vida. Guardião do coração, lembra-te de que a força também floresce na suavidade. Para muitas aldeias, é o espírito que desperta tua gratidão adormecida.
🐍 Sucuri
Mestre da transformação profunda, guardiã do poder ancestral feminino. Ensina-te sobre ciclos: deixar morrer o que já não serve e abrir espaço para o novo. Nos rituais, é a força da terra e das águas — o renascimento que te espirala por dentro.
Reunir esses quatro guardiões foi, para mim, como tecer um canto ritual. Agora, ao te colocares diante deste quadro, talvez ouças o eco desse canto em ti.
